Manifesto
11 a 15 de Setembro, Cascais
Vasudhaiva Kutumbakam
वसुधैव कु टुम्बकम«O mundo inteiro é uma família.»
«O mundo inteiro é uma família.»
Um é parente, o outro é estranho,
Dizem os de mente curta.
O mundo inteiro é uma família,
[Vasudhaiva Kutumbakam]
Vive a magnanimidade
Sê desapegado,
Sê magnânimo,
Eleva a tua mente, desfruta
o fruto da liberdade espiritual.
Maha Upanishad, VI, 71–75
A Natureza é um todo vivo, como diriam os românticos do Círculo de Jena. O Ser Humano é parte integrante da Natureza, e não um ser à parte. Nós somos Natureza.
Fomentamos assim, no Festival da Terra, a reconexão do Ser Humano com essa Vida e Harmonia, que penetra toda a Natureza.
Nesta revolução interior do ser humano, que abre as portas a uma real reconexão com a Natureza, propomos
- Dar a conhecer as plantas como entes vivos, orgânicos e inteligentes, que sentem e que possuem a sua própria forma de inteligência;
Constatar como a pressão consumista desequilibrou o ecossistema global de Gaia. Promovemos assim uma reacção consciente e filosófica do ser humano, de modo a desacelerar o consumo de bens físicos e acentuar uma expansão dos bens metafísicos, através da arte, da ciência, da cultura, da partilha humana, da vivência de ideais e da amizade desinteressada entre seres humanos;
Verificar como a cooperação é um factor fundamental na evolução, nomeadamente ao nível celular e que a célula é a base fundamental da vida senciente e consciente;
Fomentar o contacto com elementos da realidade natural, no âmbito do projecto “Artes e Ofícios para o corpo e para a alma”, da Nova Acrópole: através da apicultura, da modelação do barro, da joalharia, da extracção de óleos essenciais, da produção de papiros, entre outras actividades;
Promover o interesse por uma “filosofia das causas”, uma filosofia que aproxime o ser humano da sabedoria expressa pela própria Natureza, incentivando-o a descobrir a sua natureza mais profunda, estável e duradoura e reconhecer essa mesma dimensão no Todo Vivo da natureza;
Promover o duradouro, a maior durabilidade possível dos bens de consumo. Expandir esta consciência, de modo a não se aceitar a obsolescência programada, uma ameaça real e inaceitável para a sustentabilidade da família cósmica a que pertencemos. Numa outra dimensão, cultivar também a durabilidade de sentimentos humanos (real bem metafísico), fundamental para libertar a humanidade da “modernidade líquida”, bem identificada por Zygmunt Bauman;
Criar condições para que as crianças usufruam de um maior contacto possível com a Vida Natural, incentivando o desapego ao uso de gadgets e reduzindo o excesso de sedentarização. Nos jovens, fomentar a reflexão sobre as consequências nefastas do mau uso da IA e do excesso de apego aos gadgets, promovendo o convívio humano, presencial, inspirado pelo contacto profundo com a Natureza e pelos ideais que fundamentam a evolução humana.
«Começaremos a fazer Ecologia no dia em que deixemos de pisar simplesmente a Terra, e, de outro modo, comecemos a caminhar sobre ela com o respeito de quem recebe a cada passo uma saudação irrecusável: uma flor que brota, uma fissura seca que se abre, um perfume que nos envolve, o desejo de respirar profundamente para absorver essa força telúrica que, acima de tudo, é tão semelhante às nossas forças humanas.»
Delia Steinberg Guzmán